Em 1995, Pelé lançou em MS campeonato indígena pioneiro no Brasil

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“Pelé chega hoje para festa indígena”, essa era manchete dos jornais da Capital em 26 de abril de 1995. O então ministro Extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, desembarcou às 19h15 no Aeroporto de Campo Grande para inaugurar o primeiro Jogos Abertos Indígenas de Mato Grosso do Sul.

O evento aconteceu no Parque de Exposições Laucídio Coelho, no governo de Wilson Martins, organizado pela Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) e Ministério da Educação e Cultura, que ainda eram unidos.

A visita ocorreu um ano depois do rei gritar “é tetra” ao lado de Galvão Bueno, na Copa do Mundo de 94. Segurando uma bola de futebol, cercado de jornalistas e integrantes do governo sorridentes, Pelé falou em coletiva de imprensa sobre sua fé em massificar o futebol. “Todo e qualquer brasileiro terá acesso aos desportos, não importando sua posição social”, disse na época.

O fotógrafo Izaías Medeiros, de 53 anos, esteve entre a multidão de profissionais da imprensa que compareceram para registrar a visita ilustre. Quando viu a própria foto, tirada há mais de duas décadas, Medeiros recordou da alegria ao chegar perto do próprio ídolo quando tinha apenas 26 anos.

“Pena não conseguir se aproximar e tirar uma foto com o ídolo né, com o rei do futebol, mas é muito emocionante. O que tem de pessoas que queriam estar perto dele apenas para vê-lo, e eu consegui. Não pude ver ele jogando bola, jogando o futebol mestre dele, mas fico emocionado com isso tudo”, relembrou.

Marcos Terena, liderança indígena do Estado, confirmou que os Jogos Abertos foi pioneiro em Mato Grosso do Sul e parou Campo Grande. Indígenas das etnias Guarani, Guató, Caiuá, Terena, Ofaié-xavante e Cadiuéu participaram das provas tradicionais da cultura indígena, como arco e flecha, mas também de atletismo, vôlei e futebol, com direito a premiação para os primeiros colocados.

Pelé gostou tanto do que viu na terra morena que decidiu levar a ideia dos jogos para outro estado e um ano depois, em 1996, acontecia o I Jogos dos Povos Indígenas em Goiânia (GO).

Realizado em outubro daquele ano, as competições goianenses podem confundir a memória dos mais antigos, porque também recebeu a presença de Pelé. Mas a história não deixar enganar, foi em Mato Grosso do Sul que o rei do futebol se emocionou com os jogos indígenas pela primeira vez.


Carlos Alberto de Assis em encontro com Pelé. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quem é fã não esquece. O presidente da Agems (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul) Carlos Alberto de Assis, fazia parte da gestão municipal na época e quase chorou quando foi conhecer o rei. Ele cresceu ouvindo o pai falar que não era santista, e sim “pelezista”.

“Humilde, o rei comia de garfo e faca como qualquer um”, relatou. A insistência em reforçar a humildade de Pelé pode até ser clichê, mas é o que mais marcou quem o conheceu de perto.

Assis também esteve na Jogos Indígenas de Goiânia, onde o encontrou pela segunda vez e teve oportunidade de almoçar com o rei. “De novo, ele só confirmou o que já sabia, a simplicidade do Pelé”, completou.

Pelé morreu nesta quinta-feira (29) aos 82 anos na cidade de São Paulo, por complicações do câncer no colón. Mineiro de Três Corações, o maior jogador brasileiro da história, estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista.

O atacante que fez história no Santos e na Seleção Brasileira tratava o câncer desde setembro de 2021. A doença havia se espalhado para o pulmão e fígado. Neste ano, Pelé teve covid-19 no mês de novembro e foi internado no hospital.

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