Saúde alega recusa de indígenas em se vacinar e doses serão remanejadas

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Foto: Lia Júlia

Doses da vacina contra a covid-19, destinadas para serem aplicadas em indígenas aldeados de Mato Grosso do Sul, serão remanejadas pelo Ministério da Saúde. O secretário de estado de Saúde, Geraldo Resende, alegou, em live nesta quarta-feira, que parcela significativa da população indígena se recusa a receber o imunizante.

“Vamos aplicá-las seguindo o Plano Nacional de Imunização incorporando outros grupos que nos entendemos prioritários dentro destas doses de vacina que nos estamos remanejando, já que parcela muito significativa da população indígena se recusa a ser imunizada. Nós não podemos ter estas doses na geladeira, enquanto muita gente do Mato Grosso do Sul quer ser imunizado”, explicou. A articulação está sendo feita com os Dseis (Distritos Sanitários Indígenas).

Conforme levantamento do governo do Estado, existe 55.432 indígenas aldeados para serem vacinados no Estado. Do grupo, considerado prioritário na fase inaugural da vacinação, 76,12% receberam a primeira dose, enquanto 23.797 também já recebeu a segunda dose. Desta forma, o remanejamento envolveria cerca de 45 mil doses. O Estado tem a segunda maior população indígena do País.

O município de Dourados, distante 235 quilômetros de Campo Grande, concentra a maior parte da população indígena do Estado. A Reserva Indígena de Dourados, formada pelas aldeias Bororó e Jaguapiru, somam população de mais de 18 mil indígenas.

O coordenador da Dsei Dourados, Joe Saccenti Júnior, nega que haja recusa dos indígenas em tomar as doses. Segundo ele, alguns não se decidiram ainda sobre se vão ou não se vacinar. Enquanto isto, as doses serão redistribuídas.

“Nós fizemos uma disponibilização de alguns quantitativos que temos há um tempo para utilizar como fosse melhor. Recebemos quantitativo para atender 100% da população, mas não existe um período determinado para o indígena fazer uso do imunizante”, explicou.

Saccenti garante que não faltará dose para os aldeados ainda não imunizados caso resolvam tomar as vacinas.

Em Dourados, 59,94% dos indígenas já receberam a primeira dose da vacina, conforme o Vacinômetro, ou seja, um total de 10.426 pessoas, destes, 4.168 receberam também a segunda doce.

De acordo com a Sesai (Secretaria Nacional de Saúde Indígena), o distrito sanitário de Mato Grosso do Sul foi o que mais registrou morte de indígenas por covid-19 no País. Foram 85 desde o início da pandemia, no ano passado. As contaminações chegaram a marca de 4.279.

Sem vacina – Apesar do remanejamento de doses anunciado pelo governo, há indígenas que não foram incluídos como grupo prioritário para receber a vacinação contra a covid-19. O Conselho do Povo Terena acionou o MPF (Ministério Público Federal) pedindo com urgência a instauração de inquérito civil para apurar os motivos da não inclusão dos indígenas Terenas, residentes no Distrito de Taunay, na prioridade da campanha.

O documento pede ainda que o Dsei (Distro Sanitário Indígena), de Mato Grosso do Sul, para que promova a vacinação dos indígenas residentes nesta Terra Indígena, no município de Aquidauana, no praxo de 48h, sob pena de responsabilidade cível, criminar e administrativa.

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